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American Horror Story, Especial

As 7 Banalidades de AHS: Coven


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Não. Antes de o caro leitor me perguntar se eu gostei desta temporada se “American Horror Story”, eu digo já de antemão que não. Quem diria que eu, afinal, conseguia ler pensamentos… serei um feiticeiro?

Brincadeiras à parte, e acabado que estou de ver o episódio 12 da corrente temporada, esta série que já me conseguiu pôr a tremer de nervos, que me fez escrever um dos textos que mais acarinho, perde-se agora pelas luzes da ribalta e cai num abismo que eu não pensava ser possível. Não há aqui Seven Wonders, apenas, 7 banalidades que me fizeram (e ainda hoje fazem) levar as mãos à cabeça de tanto que foi desperdiçado nestas horas de Coven.

1. Termos de chegar ao penúltimo episódio da temporada para ter algo como deve ser

A primeira banalidade de que vos falo é tão clara como a água. É, realmente, preciso chegarmos ao episódio 12 para termos um episódio com princípio, meio e fim. Com sumo. Com recheio. Com algo que possamos voltar no próximo e dizer que algo finalmente se passou. Um episódio fluido, recheado de coisas boas e, talvez, um dos melhores episódios que esta série já conseguiu fazer. Há medo, há terror, há sangue, há magia. Tudo simples mas tudo a chegar tão tarde…

2. Todo o “nonsense” desta temporada

Eu gosto bastante que me surpreendam e gosto até que puxem a minha imaginação até outras partes mas não tanto como esta temporada o fez. Talvez a situação mais gritante de todas estas horas, foi mesmo a de Queenie a ir buscar um coração de um homem, que se dizia negro, e aparecerem as suas duas “amigas” para a tentar demover… e isto tudo, literalmente, debaixo de uma ponte, num sítio claramente longíquo da sua causa. Como foram ali parar? Não sei. Porquê? Não vejo. Outra, que também não me parecem muito fácil de engolir, foi a “ressuscitação” da Madame LaLaurie que, num minuto, tínhamos só a cabeça e no seguinte já estava toda inteira… por sinal, a Marie Laveau guardou o corpo da mulher que sempre odiou por alguma razão especial?

3. Um potencial deitado à rua

Claro que havia potencial. Estas histórias parecem saídas de um filme e postas numa série. Temos um passado, um presente e um futuro. Temos uma história que começa, que dura e que acaba e deixa-nos a pensar nas dezenas de possibilidades que poderiam haver para a continuar. Com esta só tivémos direito a explorar um lado desta tão afamada guerra entre bruxas e vodus. Com a história como estava, só tivémos direito a umas poucas cenas com o Papa Legba, uma das personagens mais arrepiantes que passou por esta série, e uma igualmente fantástica.

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4. Actrizes brilhantes mas…

A única que realmente brilhou foi mesmo Jessica Lange, ou não fosse ela um dos grandes pilares desta série. Admitamos, todo o papel que o Ryan Murphy lhe criou até agora, ainda que tenham sido só dois, ela fez questão de os tornar em algo fantástico. A Frances Conroy não lhe ficou atrás e reconheço que, para fazer um papel de uma bruxa já de si louca que adora ouvir um som alienígena para se acalmar, epá. Menção honrosa para Kathy Bates e Angela Bassett mas… Tudo se resume exactamente a esta palavra: “mas”. Houve brilho por uma parte e não o houve por outra. 

5. Ressuscitação 101

As ressuscitações e tudo o que veio derivado delas foi tudo menos bom. Ressuscitar a mãe do quase-namorado de Nan para depois ela a matar com lixívia? É certo que a Madison pouco juntou à festa mas só pela sua atitude foi bom em vê-la regressar. Não sei como não pensaram em ressuscitar o Hank, depois daquele banho de sangue no cabeleireiro da Madame Laveau.

6. A próxima Supreme

Se o objectivo desta temporada era contar a história das bruxas e das bruxarias na América, conseguiram. Mal o bem, contaram… as partes boas e as que se aproximam de boas. Os maus da fita ficaram-se por isso mesmo. Ou seja, mistérios dos vilões, do seu passado, do que os motivou, do que os fez tornar-se assim não passa disso mesmo… um mistério. E depois temos o mistério da próxima Supreme que eu, pessoalmente, já estou farto. Levo 12 horas de temporada e ainda não sei quem é a Supreme, coisa que já podiam ter resolvido há muitos episódios atrás, e quem sabe as linhas da história tinham sido bastante diferentes e bem mais interessantes. 

7. Demasiada gente

O problema de um grande número de actores e actrizes é a facilidade que se tem em divagar da história principal. E o facto de lhe juntarem as ressuscitações, ainda dificulta mais o esquema. Houve muita gente durante toda a temporada, cada uma com a sua história e cada uma com o seu destaque. Vagueamos por uma, saltámos para outra, voltamos a ver a antiga… divagou-se muito e não se obteve quase nada. É normal que depois me venham dizer “senti-me perdido no episódio de ontem…”. 

Tenho perfeita consciência de que ainda temos mais uma hora nesta temporada mas duvido bastante que consiga salvar tudo aquilo que está para trás. Foi uma temporada demasiado banal, a pedir demasiado da nossa imaginação e da nossa percepção. Muita gente, demasiadas histórias paralelas, pouca atenção no que realmente interessa. Se o objectivo era diminuir, drasticamente, as expectativas para a quarta temporada, dou os meus parabéns aos criadores que, comigo, conseguiram fazê-lo com sucesso. Se antes esta série me fez tremer de brilhantismo, hoje faz-me chorar de frustração e não pode haver maior desilusão que essa.

About Jorge Pontes

Viajar é nascer e morrer a todo o instante, até porque é fácil apagar as pegadas. Difícil, porém, é caminhar sem pisar o chão.

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