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Especial, Futurama

O adeus definitivo a “Futurama”


GNE

No que toca a comédias animadas, a televisão americana tem ainda grandes ícones. Quem não recorda com gosto alguns dos episódios de “The Simpsons”? Ou quem nunca gargalhou com o ridículo de algumas situações de “Family Guy”? Apesar de “Futurama” ter sido exibida no canal por cabo “Comedy Central”, tal não lhe impediu de fazer grandes episódios e até ser, a par das duas primeiras que vos falei, um dos grandes ícones da televisão mais não seja pelo seu cancelamento pela FOX e posterior ressuscitação por parte do Comedy.

Já aqui comentei, algures no tempo, o quão crua e curiosa consegue ser, muitas vezes, a crítica social demonstrada nas variadas histórias que nos são contadas. E, no entanto, no meio de tudo isso, “Futurama” consegue ter um rasgo de emoção e de carinho para com os seus fãs e consegue, sobretudo, usar o Futuro para que se consiga fazer tudo possível.

Apesar de alguns episódios serem meramente bons e outros até que podiam ser um pouco melhores, os finais de temporada ou até mesmo os midseason finale, conseguiam pegar em toda a mitologia de “Futurama” e colocá-la ali, e contar uma história tão ou mais bela quanto uma história de um conto-de-fadas só que com um pouco mais de sangue e tortura e comentários jocosos à mistura. O midseason finale desta sétima temporada, “Naturama”, pegou em todas as personagens tão nossas conhecidas e transformou-as em animais, em três belíssimas histórias onde a vida e a sobrevivência eram as palavras de ordem. Já episódio “Reincarnation” que marcou o fim da sexta temporada, pegou em todas as personagens e contou-nos 3 diferentes histórias de três maneiras diferentes e, tal como se fosse ontem, recordo-me da história onde tudo era semelhante a um arcade game. 2 anos depois, encontramo-nos não num season mas num series finale e a tendência para fazer episódios memoráveis continua.

Futurama 6x26

Ora, em “Meanwhile” acabamos por ver Fry e Leela a assumirem o que de bom a sua relação tem. Mas não seria “Futurama” se não tivesse algo mais, não é verdade? Pois bem, eles descobrem tal porque o professor havia construído um aparelho que permitia voltar 10 segundos no tempo e, por infortúnio, Fry acaba por destruir o aparelho parando, para sempre o tempo o que lhe deu muitas horas e dias para aproveitar com Leela tudo o que a Terra tinha para dar. De oceano em oceano, de deserto em deserto, segundo eles viveram uma boa vida e estavam prontos a partir mas eis senão quando, o professor que havia desaparecido aquando da destruição do aparelho, volta a aparecer com uma solução para colocar o mundo como ele estava dando a oportunidade a este casal de uma segunda vida, apesar de ninguém se lembrar de nada.

O que é certo é que os segundos finais onde vemos tudo isto suceder dão-nos aquela sensação de conclusão de uma série que já contou bastante e que provavelmente ainda tinha muita coisa para contar. Mas, depois de tudo o que a série já viveu, este final parece deixar qualquer coisa em suspenso, não vá acontecer o mesmo que aconteceu em 2003, não é? E de todos os episódios que vi, de todas as aventuras e citações das personagens, talvez este “Meanwhile” tenha sido a melhor coisa jamais feita em televisão. E eu sinto-me um sortudo em ter tido a oportunidade de acompanhar esta série e de lhe dizer um sincero adeus por todos os bons momentos que me fez passar. Tenho pena que este ícone se despeça dos ecrãs mas por outro lado, para quê manter uma série se se sabe que, no Futuro, ela pode piorar e quiçá terminar de uma maneira não tão brutal quanto a deste episódio?

Seja em 2015 ou em 2055, “Futurama” tem e terá um lugar especial e da mesma maneira que ela é hoje falada, também assim será recordada, com o carinho que merece e com a mesma paixão do primeiro episódio. Até sempre, Futurama. Nunca mais esquecerei esse teu jeito especial e o riso do professor Farnsworth que eu, ainda hoje, olho para uma imagem dele e nunca me esqueço da forma como ele diz “Good News, Everyone” ou do seu riso quando quer gozar com a ignorância de Fry. Priceless.

Futurama_4

About Jorge Pontes

Viajar é nascer e morrer a todo o instante, até porque é fácil apagar as pegadas. Difícil, porém, é caminhar sem pisar o chão.

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