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Being Erica, Espelhos

Being Erica #15


A inveja é daqueles sentimentos que causa muito mal não só a nós como àqueles que nos rodeiam. É através dela que vivemos numa panóplia de “se eu isto”, “seu eu aquilo”, de querer algo desesperadamente porque o outro tem e, acima de tudo, é fruto daquela graça de se espezinhar quem se atreve a passar a perna ou, simplesmente, porque se está a impedir de se obter o desejado.

Muitos daqueles que nos rodeiam, especialmente os mais velhos e a quem devíamos ter o máximo de respeito possível, sempre nos fizeram gostar do Bem e a odiar o Mal para nosso bem. Sempre nos ensinaram que aquilo que temos é nosso e de mais ninguém e não vale a pena chorar porque o outro tem isto ou aquilo porque ou haveremos de ter ou não nos cabe a nós tê-la porque será mau. Mas o problema nasce quando não queremos ouvir a voz da experiência, quando, apesar de todos os avisos, estamos tão cegos ao ponto de brincar com aquilo que não devemos e cair numa espiral de jogos manipuladores e de atirar areia para os olhos daqueles que mais gostam de nós, sabendo que podemos fazer deles o que quisermos desprezando os seus sentimentos.

Na Natureza é necessário um equilíbrio. Para, rigorosamente, tudo. E, hoje em dia, esse equilíbrio não existe ou está desviado para as coisas do Mal, para as coisas que sempre tentámos deixar de parte. E talvez isto aconteça devido aos tempos pelos quais passamos, tempos em que os espantalhos da ignorância, do medo e da cegueira teimam em crescer em cada recanto da nossa cidade, da nossa casa e nós, sem saber que fazer com eles porque não nos assustam, vamos permancendo impávidos e serenos como se nada nos afectasse. No entanto, a inveja cresce dentro de nós, como uma planta parasita. E quando damos conta, ou estamos consumidos por ela ou a nossa vida deixa de fazer sentido. E depois? Onde está o alento para continuar? Onde está a força para nos mexermos a fazer alguma coisa?

Uma pessoa muito especial para mim, já no outro dia, me dizia que eu precisava de um pequeno empurrão para me obrigar a mexer, para me obrigar a actuar perante um problema. Será que todos nós não precisamos desse pequeno empurrão? Será que, se nós tentássemos demolir esta inveja que se contrói dentro de nós, não seríamos (um pouco) mais felizes apesar dos maus tempos que vivemos? Há mais cores numa palete de tintas que o verde e o preto, cores tão características da inveja que nos cobre a alma e o coração. Que tal pintarmos a nossa vida com uma cor mais alegre? Se não formos nós a pintar, será a nossa cara-metade, o nosso melhor amigo, a nossa mãe, irmã ou pai… porque, repare caro leitor, nenhum de nós é uma ilha e até mesmo uma simples palavra torna a nossa vida mais colorida e talvez seja esse o patamar, o princípio da força e da vontade para nos levar muito mais longe.

About Jorge Pontes

Viajar é nascer e morrer a todo o instante, até porque é fácil apagar as pegadas. Difícil, porém, é caminhar sem pisar o chão.

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